EU DESISTO!
(PARTE 1)

Não fazia muito tempo que eu estava auxiliando o Ronaldo no trabalho com os detentos, já conhecia muitos internos do CECAL e pude me aproximar consideravelmente de alguns. Isso foi o suficiente para acompanhar o crescimento muitos, dessa forma conheci mais sobre suas vidas.


O tempo correu e quando menos percebi vários já estavam na liberdade. Infelizmente não tínhamos notícias boas. Para falar a verdade muitos estavam cometendo outros assassinatos ou eram vítimas de crimes semelhantes. Mesmo triste continuei.


Eu tinha um conceito razoavelmente forte sobre os frutos do trabalho cristão. Acreditava que não éramos empresários e que nosso foco não é nem deveria ser o resultado, contudo isso não foi o suficiente para me manter longe do desânimo que sorrateiramente me flertava ao saber de mais e mais óbitos dos nossos antigos ouvintes. Estava com algumas dificuldades em como lidar com esses acontecimentos até que chegou o dia em que repensei sobre nossa pregação – particularmente a minha. Apesar de pregarmos a Bíblia e não uma transformação meramente social, não éramos ao menos instrumentos para refrear o mal.


Eu estava desanimado, não conseguia ter esperança nesse ministério e cogitava seriamente em desistir. Falei para o Ronaldo sobre a nossa permanência em um trabalho com detentos e questionei sobre o motivo de nunca vermos pessoas convertidas ou pessoas que se firmassem verdadeiramente no evangelho quando chegavam à liberdade. Então ele respondeu que muitas vezes Deus não nos permite ver os resultados de nosso esforço para que não venhamos a nos orgulhar de nossas “nobres” atitudes. Com certeza Deus falou comigo naquele dia, eu precisei juntar o meu conhecimento teórico sobre o serviço cristão com a prática adquirida através de experiências frustrantes.


Fui reanimado, o Senhor me consolou e isso foi o bastante para modificar a quase firme decisão de desistir de falar das Escrituras para pessoas que são aparentemente sem jeito e sem solução. Aprendi a pregar com todo o meu empenho e a confiar única e exclusivamente em Deus como se não pudesse fazer nada mais. De fato era isso. Pregar cabe a nós, todavia salvar cabe à soberana e perfeita vontade de Deus.


Muitos conflitos que passamos (ainda que sejam apenas no campo da mente) podem nos ajudar a repensar sobre onde realmente queremos chegar onde temos mirado ou o que o nosso coração tem buscado. Talvez seja correto para você pensar que os frutos do trabalho cristão são as almas. Até creio que isso é uma faceta da realidade, porém o fruto que devemos colher é a glória de Deus manifestada em obediência e amor a Ele e ao próximo. Quem sabe se pensarmos em demasia na salvação de pessoas estejamos escancarando as portas para o desânimo e a descrença?


Certamente quando iniciamos um trabalho cristão deparamo-nos com várias desilusões ou até decepções que possam nos fazer parar, mas focarmos constantemente na principal finalidade de nossa vida (e não apenas nosso ministério) que é glorificarmos a Deus em nossa existência faz com que a perseverança seja a nossa alegria e o Espírito Santo a fonte do grande ânimo.


O que fazemos não é o que realmente importa, mas para quem fazemos é que se torna uma vida regenerada diferente das demais.




Miguel Alysson
Ministério Resgate


2 comentários:

  1. Bom dia Miguel,

    Oh meu amigo! cada vez mais vc me surpreende. Esse seu texto me fez refletir como ás vezes fazemos a obra e queremos ver o resultado, não para nós e sim para Deus.
    Entendi perfeitamente o que vc quis dizer, realmente dá para desanimar mesmo, mas como vc aprendi que não é assim. Vc está amigo fazendo a sua parte, Deus está vendo, se as pessoas para quem vc está pregando estão voltando a fazer coisa errada, enfim, o que vc pode fazer. Deus tem um propósito para tudo, então amigo não desanime e siga me frente abençoado. Bjs.. Rebecca Miná

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  2. É realmente de apertar o coração quando vemos aqueles por quem lutamos, oramos, pregamos, se desviar da fé. Mas o que importa é que a verdade foi falada, a sua parte foi feita. Cabe ao Espírito agir, se assim for a vontade de Deus.
    Lícia

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